quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A procura de Dori

Estamos trabalhando num projeto interdisciplinar e preventivo da Educação Infantil à Séries iniciais do Ensino Fundamental, para deixar vocês curiosa vou postar um artigo escrito por minha amiga Karla, em breve postarei o projeto completo... Beijos e aguardem.......

Procurando Dori

Muito se tem falado em inclusão social. Um termo em voga nos últimos tempos. Mas que pode e deve extrapolar os limites de ser simplesmente mais um modismo na denominação do que é “politicamente correto”. Apesar de ter estrelado nas telas do cinema há alguns anos; o que na era automatizada acaba parecendo séculos, o desenho “Procurando Nemo” dá um exemplo. Vale a pena voltar a fita, ou melhor; o DVD e observar uma personagem que, apesar de coadjuvante, foi, a meu ver, a peça principal em todo o enredo. A Dori.
Numa época em que o mundo globalizado aposta em classificar o indivíduo por “habilidades e competências”, promovendo os “aptos” e segregando os “inaptos”, a personagem dá um show de superação e mostra que habilidades emocionais muitas vezes são mais eficazes do que treinamento técnico para desempenho de funções.
Em uma análise superficial Dori tem todas as qualidades contrárias. É mulher, desculpem; fêmea! Quesito pelo qual já seria descartada em se tratando de ter que enfrentar o mar bravio para resgatar alguém. Com certeza diriam que é tarefa para homem, ou peixe macho. E ainda por cima sofre de PMR! Não, não se trata de TPM das peixinhas e sim de Perda de Memória Recente. Mulher e desmemoriada. Só iria atrapalhar o já tão desesperado pai (Marlin) à procura do filho (Nemo), certo?
 Errado! O desenrolar do filme mostra que em situações desafiantes ou de perigo, somente uma pessoa com qualidades emocionais ou reações criativas seria capaz de superá-las. E as qualidades emocionais de Dori acabaram por salvá-la e ao seu amigo Marlin de muitas situações. 
A ausência de preconceito na personalidade de Dori e de certa forma sua ingenuidade, ajudou-os não só a escapar dos tubarões, como fazê-los amigos.
Sua “inexperiência” e a capacidade de divertir-se fizeram com que pulasse por cima das águas vivas ajudaram-na a sobreviver e ainda salvar o amigo Marlin.
 Quando a baleia aparece, Dori, apesar de ser uma peixinha adulta mostra que ainda é capaz de fantasiar, de sonhar. Quem aí se arriscaria a falar baleiês? E como toda mulher (ou fêmea), que adora mandar (só um pouquinho!) ela proíbe Marlin de desanimar, desistir, quando este resolve voltar para casa desistindo de procurar o filho. Otimista e sábia ela ensina que mesmo quando a vida diz não! o melhor a fazer é “continuar a nadar”!
Enfim, uma estória para se pensar quando tentarmos julgar ou classificar as pessoas pelos nossos próprios parâmetros. O que é habilidade, capacidade, competência mesmo?
O que leva a perguntar: - O que é preconceito mesmo? Que direito nós temos de rotular o outro e classificá-lo capaz ou incapaz através de nossos próprios parâmetros?
Exclusão, mais que uma palavra é um fenômeno, que ao contrário do que pensamos, não diz respeito só aos outros. Falamos tanto da exclusão como se fosse algo distante. E quantas vezes excluímos o colega de trabalho, um familiar, um aluno, pessoas do nosso cotidiano que muitas vezes foram colocadas no nosso caminho para nos enriquecer?
Quem sabe tem uma Dori bem perto de você. O mundo está cheio de Doris. Graças a Deus!
E a exclusão só será minimizada quando aprendermos a reconhecê-las! Mas para fazer isso quem sabe também precisamos libertar um pouco da porção Dori que há dentro de todos nós?

                                                                                           Wilza Carla de Oliveira
                                                                                              
Professora de Educação Infantil e Jornalista.



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